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sábado, 3 de dezembro de 2011

ZELO PELA CAUSA DE DEUS

texto de Nilton Marchesini

(Depois que escrevi este texto, recebi por email, carinhosamente, de um caro pastor amigo meu, daqui de Milao, um outro texto que me agradou muito, porque segue a linha desta mensagem, pelos seguintes aspectos:
- Nao fala de nenhum caso especìfico, de nenhuma igreja em particular, de nenhuma pessoa em evidencia. Tem uma generalidade que se aplica a todos, de modo coletivo;
- Ambos sao textos de carater inspirativo e devocional, com o proposito somente de edificaçao de quem o le, e nao de apontar o dedo, de modo indireto. Conhecendo aquele santo homem de Deus, sei que ele nao faria jamais uma coisa do genero.
Esse outro texto eu também o postei no blog, mas o detalhe é que é em lingua italiana. Seu tìtulo é: "Il fine della conoscenza").

Uma noite dessas eu nao consegui dormir e entao comecei a pensar na Palavra de Deus. Pensei em um tema e comecei a refletir sobre o mesmo. O tema é: "O zelo pela causa de Deus". Lembrei-me de tantos textos biblicos em que o pròprio Senhor requer de seus fihos que o que fizerem em Seu nome deve ser feito com zelo e dedicaçao, como por exemplo:
Romanos 12:11, I Corintios 14:12; Apocalipse 3:19 e este aqui citado, que é Eclesiaste 9:10 "Tudo o que te vier à mao para fazer, faze-o conforme as tuas forças, pois na sepultura, para onde vais, nao hà obra, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma" (grifo meu). Tambem recomendo a leitura de Hebreus 6:10-12, do qual cito: "Desejamos que cada um de vos mostre o mesmo zelo até o fim...nao desejamos que vos torneis indolentes" (grifo meu).
E pensei tambem em tantos homens e mulheres de Deus que sempre levaram a sério esse mandamento do Senhor, trabalhando para o Seu reino e para a Sua Igreja, melhor do que jamais trabalhariam para si mesmos. Quantos elogios receberam, e que, por serem servos do Senhor, transferiram o mérito todo a Ele; e também, quantas perseguiçoes sofreram por esse mesmo zelo. Quantas vezes foram incompreendidos e injustamente reprovados publicamente, e quantas vezes também tiveram que agir de modo agressivo e inflexivel a fim de que seus contemporaneos pudessem entender sua mensagem. O que me espantou, foi o fato de que muitas vezes, foram perseguidos e afrontados, nao somente por quem era inimigo da verdade e da fé genuìna, mas sobretudo, por pessoas que defendiam a mesma fé e pertenciam ao mesmo povo.
Entre tantos nomes biblicos que me vieram à mente, cito alguns, como por exemplo:

ESDRAS - Esdras foi um sacerdote nascido no periodo do cativeiro babilonico, que teve como missao liderar o povo na volta a Israel, e fomentar um reavivamento espiritual ao seu povo. Para tanto, algumas medidas severas tinham que ser tomadas, mesmo que despertasse a contrariedade do seu povo, como por exemplo, exigir que fossem desfeitos todos os casamentos de homens israelenses com mulheres de outras nacionalidades, a fim de impedir que a futura geraçao desses matrimonios se desviasse de novo dos caminhos do Senhor, como ja havia acontecido anteriormente. Fiquei a imaginar alguém se levantando e proferindo palavras agressivas contra ele, dizendo: "Irmao Esdras, achei muito agressivo esse teu comportamento...". A Biblia nao revela isto, mas certamente alguem teria falado, ao ver que sua vida conjugal estava sendo afetada. Mas certamente, ele nao estava mais preocupado com o que as pessoas pensavam a seu respeito do que com o que Deus requeria que ele fizesse.

NEEMIAS - Neemias foi um contemporaneo de Esdras, e era um oficial no palàcio do Rei Artaxerxes, de quem recebeu autorizaçao para vir a Jerusalém liderar o povo na reconstruçao dos muros da cidade. Tornou-se governador daquele povo, demonstrando qualidades ìmpares de liderança e organizaçao. Todo o seu trabalho foi realizado com eficàcia e eficiencia, pois era zeloso pelas coisas do Senhor. Enquanto realizava seu trabalho, foi atacado com zombaria, conspiraçao, extorsao, transigencia, calùnia e traiçao. Imagino que alguém, sem nenhum fundamento de razao, tenha usado a Palavra de Deus a pretexto, exclamando: "Irmao Neemias, as Escrituras dizem para nao ser sàbio aos seus proprios olhos". Mas por nada disto ele se esmoreceu, pois no tempo e da maneira prevista, conseguiu completar o trabalho que havia proposto fazer.

Voltei antes no tempo imaginàrio, aos dias de Moisés, quando o Senhor exigiu que ele coordenasse a construçao dos elementos sagrados para o culto ao Senhor. Como eles ainda estavam em transito do Egito para a Terra Prometida, nao se tratava do templo ainda, mas da tenda mòvel, a qual transportariam durante todo o percurso. Todo o material deveria ser construido exatamente como Deus havia revelado a Moisés, e para se assegurar disto, o pròprio Senhor se encarregou de conceder dons e habilidades a alguns israelitas, a fim de que executassem a obra com perfeiçao e pudessem ensinar aos demais:
"Depois disse Moisés aos filhos de Israel: Eis que o Senhor tem chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá. E o Espírito de Deus o encheu de sabedoria, entendimento, ciência e em todo o lavor, e para criar invenções, para trabalhar em ouro, e em prata, e em cobre, também lhe dispôs o coração para ensinar a outros; a ele e a Aoliabe, o filho de Aisamaque, da tribo de Dã. Encheu-os de sabedoria do coração, para fazer toda a obra de mestre, até a mais engenhosa, e a do gravador, em azul, e em púrpura, em carmesim, e em linho fino, e do tecelão; fazendo toda a obra, e criando invenções" (Exodo 35:30-35) (grifos meus).
Quais sao os princìpios neste texto? a) capacitaçao dos santos - Que Deus mesmo capacita os seus escolhidos. Porque Ele deseja que o que fazemos para ele, o façamos do melhor jeito possivel. Deus nao se contenta com o mais ou menos, com o "acho que està bom". No mesmo capitulo, versiculo 31, o autor enfatiza: "Procurai con zelo, os melhores dons". Esse procurar "con zelo", significa, desenvolver com dedicaçao, com amor, com cuidado extremo, o exercìcio do dom que o Espirito Santo tem concedido a cada um de nòs. Pensar que nao precisamos nos dedicar sempre pelo fato de termos condiçoes de fazer algo de modo relativamente facil é até mesmo um pecado. Me entristece quando sei de casos em que as coisas para Deus sao feitas de modo como se fossem um mero compromisso de calendàrio ou de agenda. Deus nao se agrada disto. Se nao oferecemos o melhor para Ele, nossa oferta ou serviço nao tem significado. Pior ainda, torna-se uma ofensa à Ele. Alguém ja disse que o pior inimigo do melhor é o bom. Sim, pois quando as coisas nao estao boas, procuramos melhora-la, mas quando bao bem, nao nos preocupamos em faze-las ainda melhor, por medo de estragar tudo, contentando com o proverbio que diz: "em time que està ganhando nao se mexe". E nesse ritmo, nao descobriremos nunca como fazer o melhor para Deus, pois o que é bom jà nos basta. b) edificaçao da igreja - No Novo Testamento, lemos que o Espìrito Santo capacita os crentes para o exercìcio do Ministério, para a edificaçao dos santos (I Corintios 12:7). Quem recebe um dom do Senhor, nao o recebe para si mesmo, mas para os demais. Deus dà o conhecimento para ser transformado em beneficio dos demais, nao para ser transformado em um monopòlio. O exercìcio de um dom é para a edificaçao de todos os outros, nao para a exaltaçao de nossa propria pessoa. c) a diversidade de dons - A cada um, o Espirito do Senhor concede um dom diferente. A uns dà o dom da visitaçao, a outros nao. A uns, dà o dom da sabedoria e discernimento, a outros nao. Sabedoria para ter condiçoes de ajudar a conduzir a Sua igreja pela justa estrada, nos justos parametros.
Deus sempre quer o melhor, seja de nòs que para nòs. Quando fez o mundo, o fez com uma perfeiçao impecàvel. Observemos os detalhes no grande universo, na mae natureza, nos pequenos animais, no ser humano. Deus estava apaixonado por nòs quando fez tudo isto. O seu amor o levou a fazer o melhor. Nao é o quanto podemos ganhar, ou o quanto podemos ser reconhecidos que nos leva a fazer o melhor, mas o quanto amamos aquilo que fazemos. O amor é o diferencial. Isto se aplica também na vida secular.
Como disse, as vezes o zelo leva a pessoa a posiçoes dificeis contra outras posiçoes de quem também quer trabalhar, mas nao com a mesma dedicaçao. Nao que se  tenha que afrontar as pessoas, mas os seus comportamentos, que sao duas coisas diferentes. Mas isto nem sempre é compreensìvel por parte de quem se ve confrontado e nao consegue (ou nao quer) compreender a razao do outro.
            Voltando a Neemias, certa vez ele teve que "despejar" as mobilias de um homem que havia decidido transformar um comodo do templo em sua residencia, nao havendo direito de habitar ali. Outra vez, ele mesmo disse: "E contendi com eles, e os amaldiçoei e espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos, e os fiz jurar por Deus, dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos, e não tomareis mais suas filhas, nem para vossos filhos nem para vós mesmos. Porventura não pecou nisto Salomão, rei de Israel, não havendo entre muitas nações rei semelhante a ele, e sendo ele amado de seu Deus, e pondo-o Deus rei sobre todo o Israel? E contudo as mulheres estrangeiras o fizeram pecar. E dar-vos-íamos nós ouvidos, para fazermos todo este grande mal, prevaricando contra o nosso Deus, casando com mulheres estrangeiras?" (Neemias 13:25-27).
          Serà que ele teve o consenso de seus conterraneos? Mas serà tambem que ele estava mais preocupado em ser bem visto por eles do que firmar a Lei de Deus no coraçao daquele povo? Nao que hoje em dia devamos sair por aì com o mesmo procedimento, pois isto nos levaria diretamente para a cadeia. Mas nem por isto devemos nos aquietar e nos escondermos diante de atitudes que vemos que sejam de negligencia na casa do Senhor.
                Continuando a lista de nomes, temos ainda:

            ELIAS - Foi o zelo de Elias pelo Senhor (I Reis 19:10) que o levou a matar os quatrocentos profetas de baal. Em consequencia disto, teve que fugir para nao ser morto pelo casal real. E quando pensava que seria o ùltimo zeloso escapado com vida, eis que o Senhor conforta o seu coraçao, dizendo que como ele, havia ainda outros milhares, incontaminados pela religiao idòlatra dos soberanos.
As religiões pagãs sempre foram acomodatícias e teria sido fácil fundir Baal e Jeová num único sistema; e é quase certo que a rainha Jezabel tivesse isso em mente . Mas Elias era absolutamente intransigente. Melhor seria adorar o deus pagao Baal que um Jeová (Deus) adulterado, um Jeová desprovido das Suas características próprias. O zeloso nem sempre é amigavel, pois entre a camaradagem e a intransigencia, nao exita em ficar com a segunda. Isto me faz lembrar a citaçao de Paulo aos Romanos (5:7), onde diz que pode ser que por um bom alguém ouse morrer, mas por um justo, nao. Ou seja, o bom nem sempre é justo, e pode receber alguns beneficios em troca de sua bondade injusta, mas o justo nem sempre é bom, e pode receber alguns contratempos em troca de sua justiça nao boazinha.

          JESUS - Esse é um dos episòdios mais conhecidos dentre os citados. Jesus entra em Jerusalém, na semana da pàscoa, e ve o comércio que estao fazendo, dentro do recinto sagrado, no pàtio do templo. Aqueles religiosos nao estavam ali para facilitar ao ofertante, os animais em sacrificio. Estavam ali com o intuito maior de auferir ganhos exorbitantes na venda dos animais e no cambio das moedas, pois as taxas do templo sò podiam ser pagas com moedas sagradas, e por essa razao, era necessario cambiar o dinheiro, o que faziam com uma taxa de cambio estratosférica.
           Jesus sente-se indignado ao máximo por tal profanação do templo de Deus. Sua atitude foi uma prova de amor ao Pai e de Zelo por Sua casa. Ao ver que estavam vilipendiando a casa de Seu Pai, nao exitou em pegar um chicote de vimes entrelaçados e expulsa-los dali. Bois e carneiros são expulsos, o dinheiro dos cambistas é espalhado no chão, os pombos são retirados.
Não podemos deixar de reconhecer os propósitos de Jesus. O ato é messiânico em sentido e carater. Em sentido, porque o Senhor vem inesperadamente ao seu templo. O julgamento começa na casa de Deus. E em caráter, porque Ele protesta contra a falta de reverência e espiritualidade no culto do templo. Seu ato pode ser interpretado como purificação messiânica de todo o sistema sacrificial, ato este que tem a sanção do zelo profético. Lembraram-se os seus discípulos de que está escrito no salmo 69: "o zelo da tua casa me consumirá". Na palavra "consumirá" pode haver uma referência à morte de Jesus: a purificação, da qual este ato é um sinal, depende do sacrifício do seu corpo. Cumprindo o Salmo 69, Cristo estava sendo consumido pelo zelo ao Senhor, atraindo sobre si os vitupérios dos que estavam vituperando a Deus.

DAVI - Davi escreveu o Salmo 69 em um momento de injusta perseguiçao por parte de inimigos e até de amigos e parentes que nao esperava que agissem assim. Esse Salmo é um lamento de um que està desesperado diante de uma perseguiçao imerecida. Faz uma sincera confissao de pecados, ainda que nao os cite nominalmente, mas sabe que existem, pois, como todo ser humano, tem uma natureza pecadora, e que Deus, sendo onisciente, é capaz de escrutinar e conhecer. Apesar dos escàrnios recebidos, resolveu continuar orando (v. 13-17) e pedindo: "Escuta-me", "responde-me", "apressa-te", "ouve-me". Diz que està como que afogando nas àguas da injustiça e caindo no abismo do desespero, e por isto, pede a Deus que nao esconda dele o Seu rosto. Repreensão,separação, desentendimento, lágrimas, tristeza, obscenidade e desprezo tem sido sua recompensa, simplesmente porque, em seu zelo pela honra do Deus de Israel, ele subordinou todos os interesses pessoais ao bem-estar e à glória daquele nome. Pessoas de todas as camadas da vida, seus irmãos, os líderes civis; aqueles que se assentam à porta, bem como os indivíduos dissolutos, têm zombado de Deus e dele. Tudo isto ele estava sofrendo apenas por colocar em segundo plano a sua pròpria vontade para dar prioridade as coisas de Deus. Mal sabia ele que no Novo Testamento o Senhor Jesus ensinaria que isto é uma bem aventurança, e que é uma honra sofrer por causa do nome de Cristo.
Mas esse é em um pano de fundo, um salmo messianico, pois Cristo, mais que qualquer outro, foi injustamente acusado pelo seu Zelo e perseverante lealdade pelo Senhor, e sofreu o abandono por parte de seus seguidores mais intimos.
E por fim, o salmista, como um tipo de Cristo, e como exemplo para todos os cristaos, conclui com santo regozijo e louvor, um salmo que havia começado com queixas e protestos por suas afliçoes. Não obstante a perseguiçao em funçao da anomalia da verdadeira fé, a confiança do salmista em Deus é inabalável. A vergonha não tem poder de enfraquecer a constância e toda repreensão desapareceria se Deus respondesse para demonstrar a verdade de Sua salvação prometida.
Finalmente, mesmo com a pressão do momento presente e a proeminência de sua própria situação, restaura o assunto central do Salmo, a saber, fé em Deus. O salmista sente que o fenômeno mais maravilhoso, que é fato da experiência, não é nem a tristeza, nem a frustração, nem o conflito, nem o desentendimento, nem a retribuição, e nem mesmo a morte; mas é que o Senhor ouve os necessitados (v. 33) e responde. Essa verdade é motivo bastante para que o Céu e a terra, o mar e tudo quanto neles existe, louvem ao Senhor.

PAULO - O apòstolo Paulo foi, juntamente com Pedro, um dos dos maiores nomes do Cristianismo de todos os tempos. Foi chamado por Deus para ser o apostolo aos gentios (nao judeus), o responsàvel por levar o Cristianismo para fora do contexto judaico, o que gerou a consequencia de o Evangelho ter chegado até nòs hoje. Sua conversao foi genuìna. De perseguidor do Evangelho, ele passou a ser o proclamador do mesmo e fervoroso defensor da fé cristà. Em nome dessa sua fé ele nao hesitou em nenhum momento a morrer, ou ser perseguido e torturado, como repetidas vezes aconteceu. Ele era um homem de muitas qualidades. Mas também tinha era um tipinho de carater firme. Certa vez, nao é que ele ousou a afrontar o pròprio apòstolo Pedro? Està registrado no livro de Galatas 2:11: "Quando porém, Cefas (Pedro) veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensìvel". Que ousado esse homem, heim? Ter coragem de apontar o dedo contra o grande apòstolo Pedro, o maior nome Cristao depois de Cristo até entao, e que todos respeitavam! Atrevido? Arrogante? Ousado? Nada disto. Ze-lo-so. Simplesmente, ele estava defendendo o zelo do Evangelho. Certamente, ele nao tinha nada contra Pedro, mas somente contra uma sua atitude. Podemos extrair desse exemplo que nao existe homem infalìvel. Pedro nao era. Eu nao sou. Nenhum pastor o é. Nem mesmo o Papa, contrariamente do que ensina a Igreja Romana.  A Biblia nao conta como foi que eles resolveram a questao, mas o pròprio Pedro, algum tempo depois, em uma de suas cartas, cita Paulo como sendo "o amado irmao Paulo" (II Pd. 3:15). Mas Paulo nao parou por aì. Tempos depois, litigou com um de seus melhores amigos: Barnabè. Esse mesmo Barnabè que lhe foi o primeiro (senao unico) a lhe estender as mao quando de sua conversao a Cristo. O Barnabè companheiro inseparàvel em sua primeira viagem missionària. E porque Paulo litigou com ele? Somente porque nao queria arriscar uma outra viagem com um jovem descompromissado como Marcos (At. 15:36-40), o qual jà os havia abandonado durante a primeira viagem. Também nesse caso, encontramos Paulo, tempos depois, quando preso em Roma, dizendo que Marcos era uma das pessoas mais importantes para ele (II Tm. 4:11). Sao duas liçoes de que as pessoas podem, sim, ter diferenças de caràter e de comportamento, mas sobretudo, que sao unidas no amor de Cristo, o qual desfaz toda diferença e torna a todos, um sò!
Uma outra personagem bem mais recente foi o fundador do Calvinismo, Joao Calvino. Ele foi um excelente orador, e um grande teòlogo, mas como amigo ele deixou muito a desejar. Seu zelo pela Palavra de Deus o fazia nao medir palavras para reprovar o que era reprovàvel e para criticar o que era em desacordo com a pura doutrina. Como dizem a seu respeito, ele era um homem de muitos discipulos, mas de poucos amigos. Todavia, foi um dos pais da Reforma Protestante, ajudando a estabelecer a Palavra de Deus em terrenos onde tinha abundantemente predominado o catolicismo herege da idade média, que vendia a salvaçao e o perdao de pecados com o proposito de arrecadar dinheiro para a construçao da Basilica de Sao Pedro e para a manutençao da luxuria de seus sacerdotes.
Algumas pessoas, por virtude ou por defeito, nao tem a doçura no falar. Sao pessoas mais tecnicas, metòdicas, precisas, analiticas, normalmente tendentes a uma formaçao academica em Ciencias Exatas, diferentemente de pessoas que sao nitidamente dòceis, amàveis, e medem bem as palavras com ternura quando se expressam, as quais, normalmente, optam por uma formaçao academica mais para as Ciencias Humanas ou Sociais. Em nossa igreja, nossa lider de grupo é um desses exemplos de docilidade ao falar. Muitas pessoas sao assim. Tem a tendencia de ser mais contundentes, mais questionadoras. Nao que um tipo de personalidade seja melhor do que outro. Nao se trata de melhor nem pior. Se trata simplesmente de diferenças caracteriais.
E quando se trata de trabalhar no serviço do nosso Rei Jesus, alguns se expoem  ao màximo, para que o Seu nome seja honrado. Se tem que trabalhar, trabalham, mas se tem que questionar, questionam, propoem, votam contra, combatem. Pessoas assim, muitas vezes nao sao bem aceitas nas diretorias administrativas de suas igrejas, principalmente se seus lìderes estao contentes com o bom em detrimento do melhor. Muitos desses lìderes (muitos nao significa "todos"), ou por nao quererem ser questionados, ou por nao estarem dispostos a serem mais zelosos, transparentes ou democràticos, preferem nao recomendar à diretoria, pessoas com esse perfil, optando por sugerir outros nomes de pessoas mais pacatas, que aceitem suas ordens (quando é o caso) e caprichos (quando é o caso) sem questionar, sem comentar, por falta de coragem, de argumentos ou de conhecimento sobre os direitos e deveres de membro da igreja.
Nesse afà de zelar pelo sagrado, muitas vezes algumas pessoas tem sido incompreendidas. Mas nao fazem como Davi, que imprecou a morte de seus inimigos. Aquele era um conceito do Velho Testamento. No Novo Testamento, somo ensinados a amar sempre, e a demonstrar sempre o fruto do Espirito, que inclui amor, paz, benignidade, longanimidade, mansidao e dominio pròprio. Até porque nem mesmo sao seus inimigos. As vezes, sao atè mesmos irmaos em Cristo, mas que pensam diferente deles. E do mesmo jeito que sao incompreendidos, também nao compreendem. Portanto, é recomendàvel que se limitem a confiar tudo aos cuidados de Deus, que tem mais zelo pela Sua igreja do que mortal algum jamais terà, orando  para que se abram os olhos de quem deve se abrir para a verdade biblica, e também a pedir que caso o erro esteja neles, que Deus os ilumine com o entendimento correto da circunstancia.
E que Deus tenha misericordia de todos nòs, até quando nao estaremos em sua presença, no lar celestial, com os nossos corpos jà tendo sido transformados à imagem da glòria do Filho de Deus, Jesu Cristo. Aquela, sim, serà a imaculada, perfeita e gloriosa igreja do Senhor, pois como é o Filho de Deus, também o seremos. A Ele a glòria. Amém.

Um comentário:

  1. Os pacatos e quietos também sofrem por ver certas situaçoes na Igreja onde deveríamos reagir. Tenho procurado entregar para o dono da Igreja, pois o zelo Dele é bem maior que o nosso.Alguns pensamentos me confortam: saber que a Igreja perfeita será apenas quando chegarmos ao céu, e procurar olhar para o fim de todas as coisas e não para o presente momento, onde as circunstâncias muitas vezes nos colocam pra baixo por não vermos as mudanças que gostaríamos de ver.

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