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domingo, 9 de outubro de 2011

ATRAVESSAR O DESERTO É PRECISO

ATRAVESSAR O DESERTO É PRECISO
(Êxodo 3.1)

(Texto de Israel Belo de Azevedo, postado no site
www.prazerdapalavra.com.br, em 14.01.2007)



Há mais. Há mais de Deus para nós. Há mais na vida, com Deus, para nós. A história da chamada de Moisés  (Êxodo 3.1) evidencia que há mais. O primeiro verso é bastante inspirador: "Moisés pastoreava o rebanho de seu sogro Jetro, que era sacerdote de Midiã. Um dia levou o rebanho para o outro lado do deserto e chegou a Horebe, o monte de Deus".

1. A VIDA NÃO ACABA NO MEIO.

"Moisés pastoreava o rebanho de seu sogro Jetro." (Êxodo 3.1). A vida de Moisés teve três partes distintas, de 40 anos cada. Começou num lance de tragédia (como muitas de nossas vidas, rejeitadas ou vinda em sofrimento), quando sua morte foi decretada pelos governantes de Deus com medo do aumento da população hebréia. Foi salvo por sua irmã. Passou a infância com os pais e depois foi educado no palácio de Faraó. Meio egípcio, meio hebreu, não tinha uma identidade étnica, até que, aos 40 anos de idade, uma escolha aconteceu. Ele viu um egípcio atacando um hebreu. Ao defender o hebreu, matou o egípcio e teve que fugir, para não ser punido. Encontrou uma fazenda onde se empregou e acabou casando com a filha do fazendeiro. Seu trabalho continuou. Era um pastor de rebanhos. Durante o segundo terço da sua vida, até os 80 anos, ali esteve e ali criou a sua família. Então, sua vida mudou e, por mais 40 anos, desenvolveria um ministério, o de liderar seu povo para longe da opressão no Egito. Agora, não tinha um emprego, mas tinha uma missão. A história de Moisés tipifica a de muitas pessoas. Alguns de nós vivemos como Moisés no segundo terço.


1. No segundo terço da sua vida, Moisés tocava a vida, empurrando-a com a barriga, como se diz. Mídia não era o seu lugar, mas é ali que ele estava. Foi preparado para liderar, mas liderava bezerros, carneiros e ovelhas numa terra estranha. Alguns de nós não somos Moisés no segundo terço? Quantos temos talentos, que nunca usamos? Quantos vemos as oportunidades desfilaram na passarela de nossa história, sem acompanhar nenhuma ela? Quando convivemos por anos a fio com a sensação de inadequação, sem nenhum gesto para mudar as coisas? Há mais.

2. No segundo terço da sua vida, Moisés fugia das decisões. Ele sabia que precisava voltar para a terra da sua infância. Um dia ele voltaria: amanhã, quem sabe? Alguns de nós não somos Moisés no segundo terço? Quanto tomamos a decisão de não decidir, para não ter que pagar um preço, mesmo pagando outro? Há mais.

3. No segundo terço da sua vida, Moisés se contentou em viver na aba dos outros ou dos acontecimentos. Jetro era tudo ("sacerdote de Mídia"). Moisés não era nada. A vida lhe oferecia pouco, mas estava bom. Havia mais, em termos de qualidade existencial, mas ele se acomodou, sem ânimo para os vôos necessário. Alguns de nós não somos Moisés no segundo terço? Quantos nos contentamos em viver à sombra de pessoas, projetos e coisas? Há mais.

4. No segundo terço da sua vida, Moisés preferiu não acertar as contas com o seu passado. Deixou que o visitasse dia e noite como um fantasma. Preferiu fugir a enfrentar. Talvez a testemunha do seu crime já tivesse morrido, mas se estivesse vivo? Alguns de nós não somos Moisés no segundo terço? Quantos de nós vemos o que não há, tememos o que não existe? Há mais.


2. HÁ UM OUTRO LADO.

"Um dia [Moisés] levou o rebanho para o outro lado do deserto". Como parte do seu trabalho, Moisés levou o rebanho para o outro lado do deserto. Podia ficar onde sempre esteve. No entanto, o pasto estava ralo. O sol não permitia que as folhas crescessem. Seus animais precisavam de pastagem melhor. 

1. Moisés tomou uma decisão. Ele decidiu fazer um pouco diferente o que fazia. A mudança de itinerário indicava seu desejo por mudança, mesmo ainda pastoreando o rebanho dos outros, que talvez um dia fosse seu. Enquanto tocamos as nossas vidas, podemos sonhar com algo novo e profundo. Leva o seu rebanho para o outro lado quem não se contenta com o lado em que está. Mesmo contentes, há mais a ser feito. Há mais. Precisamos desejar algo novo e melhor para nós.

2. Moisés teve que atravessar o deserto. Deserto é perigo. Tem ventos fortes, areias intermináveis, animais selvagens, assaltantes perigosos. Há risco. Não há felicidade sem risco. Não há prazer sem preço. Precisamos ir para o outro lado de deserto, como Moisés, dispondo-nos a correr riscos. Pode não haver o que esperamos do outro lado, mas talvez não seja pior que o lado de cá. Só saberemos indo. Há mais. Precisamos de coragem para alcançar mais.

3. Ao levar o rebanho para o outro lado de deserto, Moisés mostrou sua responsabilidade diante da vida. Ele não largou simplesmente o rebanho. Não deixou as suas atividades. Continuou responsável, mas queria mudar. Enquanto estava ali, fazia o melhor. Por isto, procurou pastos novos para os animais sob os seus cuidados. Devemos ser responsáveis. O rebanho é nosso. Se podemos levá-lo para o outro lado, por que não levá-lo? A verdadeira aventura inclui a responsabilidade. As pessoas que nos confiaram os rebanhos espera que cuidemos dele até o fim, que o tragamos de volta. Há mais. Precisamos permanecer com nossas atividades, sejam famílias, estudos e trabalhos; não podemos deixar as coisas pela metade, nem as pessoas na mão.

4. A partida de Moisés para ao outro lado era uma resposta. Alguém o chamava, e ele foi. Talvez ele não o soubesse bem, mas foi. Naquela época, havia um templo dedicado à deusa egípcia Hathor. Lembrou-se Moisés dos deuses de sua infância palaciana? Não. Sua família era monoteísta. Ele aprendeu com Anrão e Joquebede sobre o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Seu sogro, Jetro, era monoteísta. Ele mesmo era monoteísta, como o demonstram os eventos posteriores. Ele tinha consigo o Deus que o livrara da morte, quando foi recolhido nas águas do rio Nilo. Pouco depois Deus lhe apareceu. Ele reconheceu que Deus lhe falava. Podemos estar certos que Deus o atraiu.
Deus está sempre nos atraindo, mesmo que lhe viremos o rosto. Deus nos coloca desejos, que não tínhamos, para nos mostrar que há mais da vida. Moisés viu. Estamos vendo?


3. DEUS É O DEUS QUE APARECE.

"[Moisés] chegou a Horebe, o monte de Deus".

1. Moisés chegou. Não sabemos quanto tempo Moisés caminhou, levando o rebanho de ovinos, quantos perigos enfrentou, quantos cordeiros saíram da rota e tiveram que ser buscado, quantos assaltantes espreitaram a manada. Não sabemos, mas sabemos que ele chegou ao outro lado. Chegou porque caminhou. Podia agora olhar para trás e ver distante a terra da sua esposa e dos seus filhos. Podia até sentir saudade. Como é bom olhar para trás e ver o percurso que fizemos. Como é bom podermos sentir saudade, por termos partido. Como é bom termos percorrido um caminho, mesmo que tropeçando.

2. Moisés chegou a Horebe. Até este momento não tínhamos sido apresentados a ele. Depois, o monte aparecerá várias vezes na história, até ao tempo do profeta Elias. Horebe era um dos montes do Sinai. Hoje é um pico chamado Monte Serabit, num lugar chamado Serabit el-Khadim. Para chegar lá, teve que atravessar todo o deserto.  Como gostaríamos que nossas vidas habitassem apenas os oásis. Gostamos de vôos sem turbulência, de navegações sem tempestades, de caminhadas sem tropeços. Assim não são as coisas. Assim não devem ser as coisas. Não se faz a vida em linha reta.

3. Moisés chegou a Horebe, [que era] o monte de Deus. Até agora não sabíamos da existência do monte Horebe, mas o monte estava ali. E Moisés queria chegar até lá. Ouso pensar que Moisés sabia que Deus falava naquele monte. Moisés queria mais para a sua vida. Moisés sabia que Deus tinha mais para a sua vida. É triste que algumas pessoas, sabendo que Deus tem mais para as suas vidas, não vão a Horebe, não vão a Deus. Por preguiça, não se põem a caminho. Por comodismo, não atravessam o deserto. Por medo, não chegam a Horebe, onde Deus as espera. Preferem Horebe como um postal, não como um monte onde se suba.

4. Moisés chegou a Deus porque Deus atraiu Moisés ao monte para se revelar a ele. Moisés queria Deus, mas Moisés quis Deus porque Deus quis Moisés. Quando lemos a história registrada no Êxodo, vemos o esforço divino para alcançar o humano. Deus está sempre se apresentando. A Bíblia está cheia de teofanias. A vida está cheia de teofanias. Horebe não fica apenas no Sinai. Horebe é todo lugar onde Deus fala. E Deus fala onde tem ouvinte. Deus sempre toma a iniciativa. Deus atraiu Moisés para o monte. Deus sempre espera que o busquemos. Há mais de Deus para nós.


Israel Belo de Azevedo

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