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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

31 DE OUTUBRO: 494° ANIVERSARIO DA REFORMA PROTESTANTE

(texto de Nilton Marchesini)*


INTRODUÇAO
A Reforma Protestante foi um conjunto de movimentos religiosos que no sèculo XVI produziram a fratura do Catolicismo, dando vida às Igrejas Protestantes. Teve inicio na Alemanha, e a data magna de sua celebraçao é o dia 31 de outubro, pois nesse dia, em 1517, Martinho Lutero publicou as suas 95 teses, enfileirando-se contra a Igreja Catòlica.
Pelos efeitos de longa duraçao que provocou, a Reforma Protestante foi o acontecimento mais importante do sèculo XVI, e um dos mais importantes desde entao. O principal exponente desta Reforma, foi, sem dùvida, o alemao Martinho Lutero, mas as origens de tal movimento remontam hà bem dois sèculos antes de sua apariçao, com raizes que conduzem a eventos de carater polìtico, economico e cultural, além, obviamente, daquele religioso.
Todavia, o termo "protestante", originàrio desse movimento de reformas, sò foi cunhado em 1526. A Igreja Romana havia firmado um acordo com os defensores do movimento luteranista alemao, mas esse acordo foi revocado tres anos depois, pela Igreja Romana, o que provocou o protesto da minoria Luterana. Essa terminologia de protestante foi depois estendida a todas as comunidades cristas que nasceram a partir dessa data ou que ja existiam e se fortaleceram contra a autoridade e a heretizaçao da Igreja Romana. Entre essas outras denominaçoes protestantes, encontramos: Calvinismo (Suiça e Escocia), Anglicanismo (Inglaterra), Puritanismo (Inglaterra) e os Anabatistas (Alemanha e Suiça), dos quais, em palavras simples, originaram os Menonitas e os Batistas.

CAUSAS DA REFORMA PROTESTANTE
Foram basicamente dois, os conjuntos de causas dessa Reforma:

1 - Causas Religiosas
- Decadencia doutrinària da Igreja Romana (a instituiçao de normas e dogmas claramente sem nenhum respaldo bìblico, como a venda de indulgencias, o culto aos santos, o culto aos mortos, o purgatòrio, o celibato, a equiparaçao da autoridade da Igreja com a Biblia, a infalibilidade papal, etc);
- Decadencia moral da Igreja Romana (nepotismo: cargos politico-religioso-diplomàticos ofertos aos parentes dos papas, bispos e cardinais; corrupçao e mundanidade do clero, luxo da Igreja Romana,que pregava a pobreza, mas vivia na luxuria e na pompa igualada à realeza; etc);

2 - Causas històrico-polìtico-sociais
- Despertamento do senso de nacionalidade (França, Alemanha, Inglaterra, Olanda, etc) contra o Sacro Império Romano, representado por Carlo V, e contra o universalismo medieval catòlico do papado;
- Exigencia emancipativa de vàrios estratos sociais (pequenos nobres em decadencia ou servos da gleba contra os grandes feudais) (com exceçao da Inglaterra, onde a Reforma Protestante se deu com base a um compromisso entre os borgueses e os senhores feudais).
- O humanismo, a descoberta da cultura clàssica, o nascimento da filosofia e a exaltaçao dos valores mundanos, suplantaram o extra poder da Igreja, privando as autoridades eclesiàsticas do monopòlio do saber e permitiram o fortalecimento de ideais seculares e laicos;
- A invençao da imprensa a caracteres mòveis acrescentou notavelmente a circulaçao de livros e idéias na Europa. Humanistas, como Erasmo de Roterdam, na Holanda, e outros, na Inglaterra, Alemanha e França, formularam novos conceitos exegèticos às Escrituras.

PONTOS FUNDAMENTAIS DA REFORMA PROTESTANTE
- Justificaçao pela fè - A Igreja Romana ensinava que a salvaçao poderia ser obtida atravès da compra de indulgencias e de boas obras, mas o movimento reformista apregoava a salvaçao somente pela fè, como ensinam as Escrituras (Romanos 1:17). A venda das indulgencias (concessao de perdao), praticada pela Igreja Romana para financiar a contruçao da Basilica de Sao Pedro, em Roma, se baseava no presuposto de que o Papa tivesse recebido autoridade da parte de Deus para conceder o perdao e o direito de acesso ao Paraiso a quem quisesse, e esse perdao era vendido aos pecadores, desejosos de purificar-se, cujo preço variava de acordo com o poder aquisitivo do comprador, e do grau de pecado, estabelecido pela igreja Romana. Os reformadores afirmavam que inguém é capaz de comprar a sua pròpria salvaçao ou de fazer o bem a ponto de salvar-se a si mesmo. Ninguém pode salvar-se pelos pròprios méritos. Nem o Papa, nem ninguém, tem poder algum para perdoar os pecados de quem quer que seja, sendo que o Papa sò pode perdoar os pecados impostos pelo pròprio Papa. Somente Deus pode salvar uma pessoa. Mas para ser salvo por Deus, o ser humano deve ter a fè na obra redentora de Cristo, o ùnico mediador entre Deus e os homens. Consequencias pràticas: forte rejeiçao dos sacramentos e da pràtica de boas obras, como indispensàveis para a salvaçao, e instituiçao de separaçao do civil e do religioso, ou seja, do Estado e da Igreja.

- Livre exame das Escrituras - A interpretaçao canonica e oficial da Igreja Romana era a de que somente a Igreja poderia possuir e interpretar a Biblia, mas a reforma disponibilizou a Biblia a cada cidadao, o qual teinha liberdade para le-la e interpreta-la. As consequencias pràticas disto foram o estabelecimento de um forte intelectualismo florescente, o nascimento de muitas comunidades religiosas de confissoes protestantes, a rejeiçao total das tradiçoes eclesiasticas catòlicas e a re-interpretaçao dos sacramentos e ritos de culto, à luz da Biblia.

- Sacerdòcio Universal dos Crentes - A Reforma Protestante acabou com a divisao hieràrquica entre o clero e o laicado. Defendiam a tese bìblica de cada pessoa é o seu pròprio sacerdote diante de Deus, nao necessitando de um outro sacerdote que sirva de intermediàrio entre ele e Deus. Poderia confessar seus pecados diretamente a Deus, sem ter de confessà-los a um outro homem, e de Deus, diretamente, receberia o perdao. Isto abalou a estrutura clàssica da Igreja Romana e pos fim ao monaqueismo, ao mesmo tempo em que favorecia o surgimento de pequenas comunidades religiosas, de carater protestante, estruturadas sob essas doutrinas.
Outro fator fundamental originàrio da Reforma foi a expressao: "as cinco Sola". Esta se refere à fòrmula sintética dos pontos fundamentais do seu pensamento teològico, na lingua latina, pois reassume, de modo expressivo e de fàcil memorizaçao, a pròpria essencia do protestantismo. Inicialmente proposto em contraposiçao ao pensamento e à praxis da Igreja Romana daquele tempo (e ainda de hoje), as cinco "Sola" da reforma ainda sao utilizadas para reafirmar os princìpios da fé protestante.
Essas cinco "Sola" sao:
1- Sola Scriptura (somente com a Biblia)
2 - Sola fide (Somente pela fé)
3 - Sola Gratia (Somente pela graça)
4 - Solus Christus (Somente Cristo)
5 - Soli Deo Gloria (glòria somente a Deus)
Estas expressoes podem ser assim agrupadas: "Fundados na Escritura, afirmamos que a justificaçao é somente pela graça, somente através da fé, somente por causa de Cristo, e tudo somente para a glòria de Deus".

CONSEQUENCIAS DA REFORMA PROTESTANTE
A Reforma Protestante provocou uma divisao sem precedentes no mundo catòlico, seja do lado religioso que polìtico.

1 - Consequencias religiosas:
- Uma conscientizaçao popular dos direitos individuais do ser humano, de ter livre acesso a Deus, sem precisar de um sacerdote intermediàrio;
- - Provocou, tambem, a necessidade de a Igreja Romana instituir uma Contra Reforma, que foi uma reforma interna, baseada no reforço da autoridade pontifìcia, na preservaçao da inquisiçao, na elaboraçao do elenco de livros proibidos, na criaçao de novas ordens religiosas (Jesuitas, Capuccinos, Barnabitas, etc), além de outras medidas dogmaticas e doutrinàrias.

2 - Consequencias Sòcio-polìtico-economicas:
Nao obstante as diversas ramificaçoes de grupos protestantes, é inegàvel que a Reforma Protestante teve consequencias ampliamente homogeneas, como por exemplo:
- Em geral, o poder e a riqueza da nobreza feudal e da hierarquia catòlica passaram às classes mèdias e aos monarcas dos Estados Nacionais;
- Vàrias regioes européias alcançaram a independencia polìtica e religiosa;
- Até mesmo nos paìses onde continuou a prevalecer o catolicismo (França e Bélgica), se desenvolveu o individualismo e o nacionalismo;
- A importancia dava ao juizo individual favoreceu o surgimento de governos democràticos;
- A eliminaçao das tradicionais restriçoes religiosas no comércio e nas operaçoes financeiras abriu a estrada ao nascimento e fortalecimento do capitalismo;
- As linguas e as literaturas nacionais tiveram grande progresso, através da difusao de obras religiosas escritas na lingua local e nao mais em latim;
- A instruçao popular foi incrementada graças às novas escolas e faculdades fundadas em vàrios paìses, como Inglaterra, Alemanha e Suiça.
- A Reforma na Alemanha assumiu entre o povo o aspecto de uma rebeliao das classes oprimidas (camponeses e os pequenos nobres), contra as privilegiadas. Porem, foram reprimidos pelos grandes principes feudais, contanto, inclusive, com o apoio do pròprio Lutero.
- O Sacro Império Romano, de Carlo V, tambem se opos à Reforma, mas sem sucesso, pois os prìncipes locais se declaravam autonomos e independentes do poder do Imperador.
O desmantelamento do conceito de "Sacro Santo Império", e a instauraçao do processo de formaçao do conceito de nacionalidade.
- Os bens e propiredades eclesiàsticos confiscados pelos prìncipes nao foram mais restituidos à Igreja romana.
- A reforma enfraqueceu o Imperio e o universalismo medieval, e fortaleceu a Monarquia Nacional da Inglaterra e Olanda, e os principes feudais na Alemanha.
Todavia, a intolerancia religiosa nao desapareceu completamente, demorando ainda mais de um sèculo para que focos de perseguiçao religiosa nao fossem mais assunto de "primeira pàgina".

MARTINHO LUTERO
Lutero era de origem camponesa. Tornou-se um monge agostiniano e depois, professor em Wittemberg, Alemanha. Dedicou-se aos estudos teològicos em uma continua busca por uma fè mais profunda e sincera, e por causa disto, teve que, bem cedo, chocar-se com as autoridades eclesiàsticas, que eram religiosos somente de fachada. Mesmo ameaçado, nao deixou de combater energicamente a comercializaçao da fè, pelo clero Romano. Isto, juntamente com a negaçao da infalibilidade papal, culminou na declaraçao de suas 95 teses. Foi obrigado a retratar-se, mas negou-se a faze-lo. Foi ameaçado de excomunhao pelo Papa, e como resposta, queimou em praça pùblica, a Bula Papal de excomunhao e com ela um livro canonico. Esse ato de desafio simbolizava o rompimento definitivo com a Igreja Romana. Teve que fugir e se esconder por quase um ano, para nao ser assassinado. Enquanto isso, traduzia o Novo Testamento para a lingua alemà e escrevia pequenos opùsculos defendendo a autoridade da Biblia e a salvaçao somente mediante a fé em Jesus, os quais, mesmo sendo proibidos pela Igreja Romana, eram comercializados publicamente, revelando-se um potente instrumento de evangelizaçao que transformou as grandes cidades alemas em centros de difusao do Luteranismo, movimento religioso que recebeu seu nome em razao do nome de Lutero. Ele nao foi o ùnico responsàvel pela instauraçao da Reforma Protestante, nem o luteranismo foi o ùnico movmento reformista a se estruturar por toda a Europa, mas sem dùvida, ele abriu a estrada para que os outros pudessem ter mais facilidade na caminhada rumo a independencia e a liberdade religiosas, de acordo com os ensinamentos do Novo Testamento.

CONCLUSAO
Querendo reformar a Igreja Romana, mas sem querer dividi-la, Martinho Lutero viu o resultado oposto: acabou sendo o agente causador da maior divisao da Igreja Romana de todos os tempos, dando vasao à reforma protestante nao somente na Alemanha, mas em todos os paìses da Europa, e ainda, do lado catòlico, o que resultou foi uma determinaçao ainda mais enfàtica em permanecer nos erros doutrinarios que cada vez estavam sendo mais evidentes e em maior numero, e que tem aumentado com o passar dos tempos, chegando a ser o que é hoje, a maior e mais perigosa seita herege de sempre, pois vem disfarçada de cristianismo e conta com o apoio polìtico de muitos governos nacionais. Nòs, evangélicos, somos hoje sucessores dos ideais de reforma de Lutero. Esse é o nosso tempo e a nossa vez de continuar defendendo os valores biblicos contra qualquer que seja a voz que se levanta para proferir doutrinas e liturgias que fogem aos preceitos ensinados na Palavra de Deus. Infelizmente, de maneira geral, os evangélicos contemporaneos nao estao correspondendo ao papel de agentes de transformaçao social como deveriam. Nao exageraria se dissesse que estamos precisando novamente de uma outra reforma, desta vez, dentro do meio evangélico (o leitor poderia entender melhor minha expressao, lendo os dois textos que postei na coluna: Modernismos Teològicos). Mas creio que nao serà necessàrio, pois estamos tao perto do fim dos tempos que a pròxima separaçao serà feita pelo pròprio Senhor Jesus, que voltarà para arrebatar ao céu a Sua Universal Igreja (e nao igreja universal) para reinar com Ele por toda a eternidade. Soli Deo Gloria!

*(Este texto é um resumo que fiz de um outro texto bem mais amplo que preparei,
resultado de uma detalhada pesquisa minha sobre o tema, em diversos sites,
todos de lingua italiana, os quais foram traduzidos e adaptados por mim).
Nilton Marchesini

Um comentário:

  1. Caro companheiro irmão em Cristo.
    Que as Mãos dadivosas continue lhe motivando nesta jornada de transmitir conhecimento !!!
    Um grande Abraço Fraternal em Cristo Jesus!!!
    Edson oliveira
    N.I__Austin__RJ.

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