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sábado, 29 de outubro de 2011

QUANDO UM DITADOR GOVERNA...

(Parte I)

(texto de Nilton Marchesini)

Quando os justos se engrandecem, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo geme (Provérbios 29:12)

Quem ja foi pastoreado por mim, sabe e é testemunha de que eu gosto sempre de aproveitar a ocasiao de grandes eventos de repercussao mundial (ou nacional), para fazer uma meditaçao sobre a circunstancia, que sirva de reflexao para a nossa realidade local e pessoal. E desta vez nao foi diferente: a manchete desta semana em todo o mundo foi a morte de Muammar Gheddafi, Presidente da Libia.
Apresento aqui, em duas partes, o sermao que preparei sobre este episòdio. Tive mais dificuldades em encontrar e conciliar um tìtulo com os sub tòpicos, que em ter inspiraçao para o conteùdo. Acabei optanto por esta combinaçao:

Quando um Ditador Governa...

1 ...O povo perde os direitos
2 ...O povo sofre opressao
3 ...O povo provoca a rebeliao
4 ...O povo se alegra com a sua morte
5 ...O povo reescreve a història
6 ...O povo precisa refletir

Antecipo os sub tòpicos, porque em geral é assim que acontece com todos os regimes ditadoriais no tempo e no espaço. O ditador exerce tanta tirania sobre o povo, que por fim, esse nao tem outra opçao que provocar uma rebeliao às custas de vidas de muitos, a fim de que os sobreviventes tenham ainda motivos para viver.
Uma das definições comuns de ditador é a que o descreve como a figura de autoridade máxima de um país, que concentra em si todos os poderes do Estado e exerce poder absoluto, durante uma ditadura. Como ditadura, podemos definir um regime subversivo, imposto pela força, nao democràtico ou antidemocràtico, centralizado nas maos de um sò homem, o qual governa seu paìs com punho de ferro, retirando do seu povo o exercìcio de seus direitos civis bàsicos, ou no mìnimo, privando-os de quase todos.
A comunidade internacional apoiou maciçamente seja a deposiçao do ditador, que a estabilizaçao do novo governo provisorio. Mas a minha opiniao é que este apoio nao foi, em absoluto, visando a liberdade do povo lìbico, mas sim, visando seus pròprios interesses capitalistas, pois a Libia tem um tesouro inestimàvel: està entre os maiores produtores de petròleo do mundo, sendo o maior da Africa. Mas prefiro nao me deter a esta abordagem aqui, pois ela serà muito bem ampliada em meu outro artigo, de cunho estritamente polìtico-socio-economico.

1 - ...O Povo Perde os Direitos
Nesses 42 anos do governo de Gheddafi, seu povo jamais conheceu o que significa democracia. Eleiçoes, Referendo, Parlamento, Constituiçao, Plebiscito, direitos civis, concursos pùblicos, licitaçoes, liberdade religiosa, direito de ir e de vir, justiça social, prestaçao de contas do governo, do sao tudo coisas que esta geraçao lìbica jamais conheceu. O governo manda e o povo obedece, com a pena de morte para os desobedientes.
Quando um paìs é governado com justiça, prosperam os bons e é grande a glòria da naçao, seu esplendor, e sao vantajosas as condiçoes de vida. A riqueza vem distribuida em todas as classes sociais, a liberdade vem respeitada, seja a religiosa que a civil.
Mas quando sobe ao poder os malvados, se eclipsa a beleza e a prosperidade da naçao, os insubmissos sao assassinados e os homens de bem se escondem na obscuridade, para preservar suas pròprias vidas.
E isto nao é uma novidade de nosso tempo. Jà hà quase ou mais de setecentos anos antes de Cristo, registrava-se situaçoes semelhantes. No tempo do profeta Elias, houve um rei tao malvado, que tinha-se a impressao que todos os homens ìntegros haviam desaparecido. Elias teve que fugir para nao ser assassinado, e se lamentou com Deus por ser o ùnico homem fiel ao Senhor a escapar com vida. Mas Deus o fez entender que ele nao era o ùnico, pois havia ainda alguns milhares que nao haviam cedido às pressoes daquele rei (I Reis 17 a 19). Mas onde estavam aqueles outros milhares? Certamente escondidos, sem se manifestarem, para preservarem a propria vida.

2 - ...O Povo Sofre Opressao

A Biblia narra a història de Roboao, filho de Salomao. Salomao foi um rei amado pelo povo. Jamais aceitou que um seu cidadao trabalhasse nos trabalhos mais pesados de construçao do templo ou dos palàcios reais. Esse trabalho era reservado aos estrangeiros que habitavam a naçao, mas mesmo assim, eram aplicados os turnos de trabalho e de repouso, e eram respeitados. Quando ele morreu, seu filho Roboao herdou o trono, e imediatamente, começou a oprimir o seu povo, Nao deu ouvidos aos conselheiros de seu falecido pai, e disse que se o pai os havia castigado com açoites, ele os açoitaria com escorpioes. E assim fez, oprimindo o seu pròprio povo.
Quando o governo é amàvel e honesto, e fala amigavelmente ao seu povo, a naçao prospera seja intelectualmente que economicamente. A naçao é feliz com os seus governantes e concorda que os mesmos continuem governando. Mas quando a corrupçao prevalece generalizada, o governo nunca tem condiçoes e interesse em oferecer ao povo as condiçoes bàsicas para uma vida saudàvel e de qualidade. O fim desse governo serà certamente desagradàvel.
O golpe de Estado de Gheddafi começou sem nenhuma violencia, mas com o tempo, aos poucos, foi intensivando a tirania e a violencia contra quem minimanente se levantava contra sua vontade ou autoridade. O golpe de Estado que estabeleceu nao foi cruel, mas sua ditadura foi sanguinària, e durou bem 42 anos. Militar e revolucionàrio, foi o lider mais duradouro do mundo arabe.
A història recente da Lìbia é escrita nos càrceres e na matança de prisioneiros polìticos. Hà muitos anos seus suditos testemunhavam, embora sem serem ouvidos, o regime de escravidao em que viviam.
A Libia està separada da Italia por somente 42 kilometros de mar, e foram milhares os que tentaram escapar da ditadura em cima de bòias e barcos improvisados em direçao à Europa, muitos deles, morrendo na travessia, outros chegando com vida, mas em pèssimas condiçoes de saùde.

3 - ...O Povo Provoca a Rebeliao
Um rei nao pode continuar por muito tempo no trono, se carece do interesse e do afeto de seu povo. O povo se alegra quando ve homens virtuosos no poder, e que zelam pela boa reputaçao. Machiavel disse, certa vez, que se um governante deve escolher entre ser amado ou ser temido, deve escolher a segunda opçao, pois sendo amado pode ser traido, mas sendo temido, a gente o respeitarà e terà medo de traì-lo (incrivelmente, essa frase foi defendida por um velho parlamentar baiano, de longa carreira politica, falecido nesta ùltima década).
Um ditador pode ter um longo mandato porque nao permite ao povo de organizar-se para se manifestar contra seu regime. Eles tem medo e sao oprimidos ao menor movimento. Mas aparecendo a menor das possibilidades, eles nao perdem a ocasiao para se revoltarem e tira-lo do poder.
Bons governantes conduzem a naçao por caminhos de virtude e honra, trazem o bem estar ao seu povo e a inveja dos demais povos. Maus governantes sao um incomodo pùblico, nao somente um peso, mas uma praga para a sua geraçao. A naçao é derrotada pelos seus làbios e açoes, a virtude é abandonada e sobre a naçao vem reservada a justiça de Deus.
Quarenta e dois anos de opressao levaram o povo lìbico a nao suportar mais, explodindo-se em raiva descontrolada contra a autoridade de Gheddafi, até que o depuseram e o mataram.
Ao oprimir o seu povo, Roboao foi o primeiro a fazer se cumprir um provérbio de seu pai: "O rei que julga os pobres conforme a verdade firmará o seu trono para sempre (Pv. 29:14)", porque, como consequencia, dez das doze composiçoes da naçao se rebelaram e escolheram um outro rei para governar sobre eles, pois ele nao julgava conforme a verdade e a justiça.

4 - ...O Povo se Alegra com a Sua Morte
As imagens da morte de Gheddafi foram chocantes. Sujo de sangue por todo o corpo, com o seu rosto e cabelos outrora sempre bem cuidados, agora desfigurados. Estava fugindo e foi interceptado. Havia sido encontrado em um esgoto de cimento, camuflado sob a estrada. Vem preso e arrastado. Procura resistir, mas inutilmente. Foi arrastado vivo para uma camionete, enquanto ia sendo espancado pelos seus perseguidores atè ao ultimo momento. No video seguinte, ja aparece morto, por um tiro na cabeça.
Seu corpo foi exposto como um troféu. E tem um outro vulto. Um vulto que aparece triunfante. O vulto do rapaz de apenas 20 anos, responsàvel por dar o desfecho à vida do coronel, e exibir o revòlver de ouro que pertencia ao ditador. Pelo seu ato, virà premiado com 20 milhoes de dòrares pelo novo governo lìbico. Nao hà unanimidade quanto a essa versao de sua morte, porém essa é a mais divulgada e acreditada.
A ùltima petiçao do rei foi: "Deixem-me vivo". Ele ametrondava o paìs, mas agora é ele quem tem medo. Pede clemencia, mas nao o ouvem. Sua petiçao nao foi atendida. Seu tempo e suas palavras ja se esvairam. Um ou dois de seus filhos morreram com ele nesta investida, alem de alguns outros fiéis a ele, de seu cìrculo mais interno do poder.
O novo governo profere: A Libia agora é livre. E seu povo hoje quer somente festejar. Nao festejam a morte de um ditador, mas o renascimento de uma naçao. Festejam o fim de um perentese tràgico na sua història recente e o inìcio de uma nova història. Agora a Libia é livre e està andando em direçao à democracia, e logo, logo, estabelecerà a sua Assembleia Constituinte e afrontarà a sua primeira eleiçao democràtica dos ultimos 50 anos.
A guerra acaba com a morte de Gheddafi, mas a batalha pela liberdade dos libicos està apenas começando. Mas nao se pode sonhar muito, pois a divisao do paìs é notavel. Nao é descartado que possa entrar no caos, por infiltraçao do extremismo islamico, ou por rivalidades tribais pelo equilìbrio do poder. A naçao é dividida em tribos e essas em clas. E até a composiçao islamica nao é unanime, tendo pelo menos 4 grandes facçoes. Nao façamos ilusao, a restauraçao do pais serà um longo e sinuoso caminho. Mas eles ainda estao muito radiantes de alegria para pensar nesses problemas futuros. Muitos lìbicos refugiados na Italia e em outros paìses, ja estao se preparando para voltar ao paìs, de onde haviam escapado para nao morrerem. Todos querem ajudar na reconstruçao da naçao, livre, pròspera, pacìfica e democràtica.
A Biblia narra casos de reis que nao deixaram boas recordaçoes. Um desses reis foi Jeorao, rei de Judà. Genro do déspota rei Acabe, de Israel, Morreu aos quarenta anos, de uma enfermidade grave, apòs ter reinado por oito anos. Apesar de ter sido um perìodo aparentemente curto, foi o bastante para que ele ganhasse a reprovaçao e o òdio de seu povo, tanto que quando morreu, recebeu tres tratamentos exclusivos:
- Nao recebeu as honrarias reais: "O povo nao lhe queimou aromas" (II Cr. 21:19)
- Nao foi sepultado em um dos sepulcros reservados aos reis, (II Cr. 21:20)
- E também, diz a Biblia, que ele "partiu sem deixar saudades" (II Cr. 21:20);
Como é triste saber que uma pessoa, quando morre, em vez de despertar o lamento do seu povo, produz a felicidade. Em vez de luto, festa. Em vez de choro, risadas. Foi isto o que aconteceu tambem com Gheddafi.

(Os dois ùlltimos tòpicos deste sermao (que na minha opiniao, sao os mais belos) serao apresentados na parte II).

Nilton Marchesini

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